Em outubro do ano passado, meu filho retornou às aulas
do curso de gastronomia que iniciara em novembro de 2019, em Porto Alegre. As aulas tinham sido
interrompidas com o início da pandemia (em março de 2020) e, após seis meses,
foram reiniciadas, seguindo os protocolos de segurança estabelecidos.
Recordo que fiquei espantado. Não era desse jeito que esperava que ele voltasse às aulas. Mas foi isso que aconteceu. Naquela época,
nem vacina existia. Somente no mês seguinte, em novembro, a vacina da BioNTech
/ Pfizer seria aprovada e iniciaria o grande esforço mundial para a imunização
em massa.
Enquanto isso, no entanto, a “Sumidade” que ainda se
encontra no Palácio do Planalto brasileiro se pronunciava contra as vacinas,
fazia piadas a respeito da epidemia... e o seu obediente Ministro da Saúde não
o contrariava. O Governo Federal corria na contramão das medidas estabelecidas
pela OMS no combate à Covid-19 e a maioria dos governadores e prefeitos faziam
o que era possível para driblar (estou sendo otimista) a ignorância
e a truculência bolsonaristas. Nunca imaginei que viveria uma situação tão
caótica e de tremenda insegurança.
Passado um ano, ainda não sei como escrever a respeito
do assunto. Meu filho concluiu o curso, conseguiu um emprego de cozinheiro num
restaurante e atravessou esse período inteiro sem ser contaminado. Cuidou-se,
claro, seguiu todas as regras (já tomou a primeira dose da vacina), mas se
expôs cotidianamente ao sair de casa para trabalhar, pegar ônibus e enfrentar o
seu expediente na cozinha. Que tempos!
No final de julho desse ano, fui a Porto Alegre fazer
uma cirurgia e aproveitei para visitar o restaurante onde o guri trabalha. Procurei
me adequar a esse contexto de máscaras, álcool gel e lenta vacinação (contexto
bizarro, não encontro outra palavra), mas até agora não assimilei
completamente essa realidade.
Desde agosto, porém, estou me experimentando para
retornar as atividades. Semana passada, o meu grupo de amigos (que desde o início
da pandemia não teve nenhum encontro presencial) resolveu fazer um teste: irmos
todos à abertura da exposição de pintura de um amigo comum. Irmos de máscara
(como manda o figurino) e ver como nos sentíamos. Um exercício para o retorno à
normalidade ou coisa assim.
O teste não foi ruim e vamos nos aventurar, no próximo
mês, a fazer um novo encontro. A maioria de nós tem mais de 60 anos, um e outro
com algum comprometimento de saúde, mas estamos otimistas.
Retornar, voltar a encarar as atividades normais – os desafios de nosso tempo de peste, que arrefece muito devagar.
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