terça-feira, 14 de setembro de 2021

Basílica de Santa Maria Maior

             Na primeira vez que me hospedei em Roma, fiquei num hotel a duas quadras da Basílica de Santa Maria Maior (Santa Maria Maggiore). Foi um final de semana corrido e, quando quis entrar na famosa igreja (uma das quatro basílicas papais encravadas em Roma, todas elas território do Vaticano), estava fechada para visita.

Isso aconteceu em março de 2017. Dois anos depois voltei a Roma (em outubro de 2019) e deu para dar uma conferida na igreja, no horário adequado.

Lembrei disso outro dia, enquanto assistia a uma aula on-line a respeito das igrejas medievais. Santa Maria Maior havia ficado na minha memória como uma igreja barroca e, quando entrei, tive uma enorme surpresa. A igreja é constituída por uma série de estilos diferentes e possui tanto os elementos barrocos que lembrava, quanto renascentistas e até medievais. O Guia Visual de Roma (da Folha de São Paulo) fala que ainda existe parte do modelo original (do século V), mas isso não confere.

Fachada da Basílica

A fachada é do século XVIII e, ao atravessá-la, me espantei com a enorme nave central, feita ao estilo das primeiras igrejas cristãs, lembrando as antigas basílicas (prédios civis, para uso de tribunais de justiça) da antiga Roma Imperial. As colunas que dividem a nave central das naves laterais parecem antigas colunas romanas (alguns dizem que são, de fato, colunas romanas reaproveitadas) e, no teto central, caixotões dourados, bem ao jeito renascentista (provável presente do papa Alexandre VI, da família Bórgia).

Nave lateral esquerda, com colunas romanas à direita.

Caminhei até o altar central e aí o espanto foi maior. No alto das paredes do altar (abside) encontra-se um colorido mosaico medieval, com marcadas características bizantinas. Mosaico cheio de brilho, de esplendor, representando a coroação da Virgem Maria – que, mais tarde, conferi tratar-se de produção datada do ano de 1295, feita por Jacobo Torriti.

Mosaico do altar principal.

Resumindo, uma basílica que abriga os diversos estilos que marcaram a construção das igrejas católicas e capaz de dar um nó na cabeça de um professor de História como eu, desses que se acham capazes de entender a história da arte. Compreensão que, mais uma vez, me dei conta de que é limitada. Sou um conhecedor de generalidades e, muitas vezes, como ocorreu nessa visita ao interior da Basílica de Santa Maria Maior, fico surpreso e em dúvida com o que vejo. Recordo que me sentei num banco, consultei meu guia de viagem e procurei colocar em ordem as ideias, sem grande resultado.

Assistindo a uma aula virtual, dia desses, recuperei a impressão daquela visita. Até hoje estou procurando colocar em ordem as ideias e dar um jeito nessa perplexidade que o mundo católico romano provoca em muitos de nós.

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