domingo, 18 de agosto de 2013

Comentário de ministro do STF

No Rio de Janeiro, duas jovens advogadas estão pleiteando cargos de desembargadoras para o Tribunal Regional Federal (TRF). As jovens têm 37 e 32 anos e defenderam, até agora, meia dúzia de processos cada uma (nenhum deles no TRF). Para profissionais da área do Direito, elas têm um currículo inexpressivo, experiência rala no ramo e dificilmente seriam candidatas fortes. No entanto, as duas jovens são filhas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e contam com o aval dos colegas e amigos dos pais. Seus concorrentes são dois advogados, com 45 e 52 anos, com vasta folha de serviços, mas sem padrinhos importantes. Estão desacorçoados os concorrentes.
Li a respeito do episódio no sítio da Folha de S. Paulo e fiquei impressionado. Isto ainda acontece? Feita a denúncia do jornal, será que o processo de escolha dos futuros desembargadores seguirá o trâmite viciado apontado pela matéria ou pesará a avaliação criteriosa do currículo dos candidatos?
Seja qual for o resultado – e o resultado pende a favor das jovens candidatas –, resta o consolo de que o episódio está ricamente documentado na imprensa. E, quem sabe, talvez se transforme numa cena teatral sobre nepotismo e corrupção em ambientes atapetados de palácios da Justiça... em São Petersburgo.
Na cena, o ministro Marcus Melinovski, dialogando com jornalista que questiona seu comportamento a favor da filha, pergunta exaltado:
– É justo que nossos filhos tenham que optar por uma vida de monge?
O jornalista lembra que um colega do ministro, na distante América do Sul, já reagiu dessa maneira às críticas de nepotismo e pondera que nas subdesenvolvidas repúblicas sul-americanas isso não costuma causa maiores problemas.
– Mas na selvagem Rússia, senhor ministro, os estudantes exaltados costumam jogar bombas. O senhor não teme esses impiedosos radicais?
O ministro ignora a provocação e se dirige ao samovar para se servir de uma xícara de chá.
Resta este consolo, reles consolo, prezado leitor: o de fazer humor com o comentário paternal e debochado de um ministro do STF e ponderar se é justo ou não um pai-ministro acertar a vida da filha.

Um comentário:

  1. E tem comentário para fazer? rsss Pena eu não ter cargo para indicar meu gurizinho.

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