No Rio de
Janeiro, duas jovens advogadas estão pleiteando cargos de desembargadoras para
o Tribunal Regional Federal (TRF). As jovens têm 37 e 32 anos e defenderam, até
agora, meia dúzia de processos cada uma (nenhum deles no TRF). Para
profissionais da área do Direito, elas têm um currículo inexpressivo,
experiência rala no ramo e dificilmente seriam candidatas fortes. No entanto,
as duas jovens são filhas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e
contam com o aval dos colegas e amigos dos pais. Seus concorrentes são dois
advogados, com 45 e 52 anos, com vasta folha de serviços, mas sem padrinhos
importantes. Estão desacorçoados os concorrentes.
Li a respeito do
episódio no sítio da Folha de S. Paulo e fiquei impressionado. Isto ainda
acontece? Feita a denúncia do jornal, será que o processo de escolha dos
futuros desembargadores seguirá o trâmite viciado apontado pela matéria ou
pesará a avaliação criteriosa do currículo dos candidatos?
Seja qual for o
resultado – e o resultado pende a favor das jovens candidatas –, resta o
consolo de que o episódio está ricamente documentado na imprensa. E, quem sabe,
talvez se transforme numa cena teatral sobre nepotismo e corrupção em ambientes
atapetados de palácios da Justiça... em São Petersburgo.
Na cena, o
ministro Marcus Melinovski, dialogando com jornalista que questiona seu
comportamento a favor da filha, pergunta exaltado:
– É justo que
nossos filhos tenham que optar por uma vida de monge?
O jornalista
lembra que um colega do ministro, na distante América do Sul, já reagiu dessa
maneira às críticas de nepotismo e pondera que nas subdesenvolvidas repúblicas
sul-americanas isso não costuma causa maiores problemas.
– Mas na
selvagem Rússia, senhor ministro, os estudantes exaltados costumam jogar
bombas. O senhor não teme esses impiedosos radicais?
O ministro
ignora a provocação e se dirige ao samovar para se servir de uma xícara de chá.
Resta este
consolo, reles consolo, prezado leitor: o de fazer humor com o comentário paternal e debochado
de um ministro do STF e ponderar se é justo ou não um pai-ministro acertar a vida da filha.
E tem comentário para fazer? rsss Pena eu não ter cargo para indicar meu gurizinho.
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