terça-feira, 15 de novembro de 2011

Romaria da Medianeira

No último domingo, saí cedo de casa para conferir a movimentação provocada pela romaria à N.S. Medianeira, a padroeira do Rio Grande do Sul. Provavelmente, o maior evento religioso da cidade de Santa Maria.
Comecei a acompanhar a romaria há mais de dez anos, quando passei a estudar história da Igreja. A coisa evoluiu, virou tese de doutorado (defendida na USP, em 2005) e também livro, publicado pela Editora UFSM, em 2010.
Dito isto, o leitor poderá concluir que fui à romaria como estudioso, realizar pesquisa de campo ou algo assim. Errado. Fui conquistado pelo mundo religioso – especialmente pela devoção mariana – e saí pela cidade para viver a festa católica. Há qualquer coisa de fascinante na demonstração de fé dos romeiros acompanhando a Santa. Qualquer coisa de invejável também.
Como milhares de pessoas, andei pelo centro da cidade, tomei café ao lado dos romeiros (no balcão de uma lancheria) e por fim me coloquei na frente da Catedral, para assistir ao início da procissão. Homens e mulheres tiravam os calçados, para seguirem descalços a romaria, enquanto outros preparavam enormes velas. Ao meu lado, chegou um rapaz com uma senhora e ele disse: “Vó, aqui é a Catedral”. A senhora agradecia, apoiada no braço do neto.
Cada vez que vou à romaria, elejo uma cena que acredito capaz de sintetizar a festa. Dessa vez, escolhi a cena provocada por uma jovem avó e uma mãe adolescente vestindo um bebê com vestes de anjo. Colocando uma camisola branca e as respectivas asas. Não sei se pagavam alguma promessa – provavelmente sim –, mas o que posso afirmar é que elas, a avó e a mãe, faziam tudo com alegria. Elas vestiam a criança e depois saiam vitoriosas, em direção à procissão. Os olhos da jovem mãe brilhavam e quero acreditar que a Santa lhe proporcionara alguma graça.
Segui com os olhos aquelas mulheres se perderem na multidão e fiquei ali, na calçada, assistindo ao “povo caminhante” se preparar para a procissão. Quando a imagem da Santa saiu da Catedral e todos bateram palmas, bati palmas também, emocionado. Estranhamente comovido, mais uma vez, com o enorme espetáculo de fé que esta cidade é capaz de proporcionar. Um espetáculo que tem diversas matrizes – entre elas, os gestos simples dessas mulheres que vestem crianças de anjo e saem entre os romeiros, com os rostos constritos de emoção.

Um comentário:

  1. Olá professor! Nossa que alegria saber que o senhor está agora iniciando sua caminhada junto a nós blogueiros! Pois saiba que eu estou nessa tribo faz algum tempo, e particularmente adoro! Tenho muito amigos que fiz durante anos tendo vários blogs. Alguns nunca mais falei, outros se tornaram grandes amigos, tenho amigos pelo Brasil á fora e até em Portugal! Bem mas o que quero mesmo é lhe desejar sucesso com o seu "cantinho" - como carinhosamente chamamos nosso blogs! - Sempre que possível virei lhe visitar e saber o que há de novo! Muito interessante o post sobre a romaria, eu nunca fui, mas meu pai foi este ano novamente, diz que realmente é algo que emociona de ver a fé movendo tantos fiéis! Também tenho um blog... Na verdade vários!!! mas lhe darei o endereço do meu blog de ensino, não ando com muito tempo para postar muitas coisas, mas estou divulgado um projeto em uma escola que três colegas e eu estamos aplicando para uma cadeira de ensono, acho que foi um bom projeto e aprendemos muito com o educandos, espero poder contribuir com as informações no blog! Aguardo sua visita professor Vitor, e virei mais vezes no seu "cantinho" bjus no coração! Ótimo restinho de semana! - Meu blog: http://geo-ensino.blogspot.com

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