A escritora Tânia Lopes comentou a crônica que publiquei
dias atrás, na qual me refiro a uma viagem que fizemos a Bagé (Tânia, Candinho, Athos Ronaldo e eu), para a Feira do Livro local.
Chamei de “Romance policial” a tal crônica. Tânia lembrou que não foram os
prédios da cidade que lhe chamaram a atenção, como destaquei, mas, sim, o
acolhimento que as pessoas nos proporcionaram. Apresentamos nosso
livro de contos – Milongueiro – para o
público que estava na praça e o pessoal nos ouviu com atenção.
Além disso, Tânia lembrou uma cena periférica, que nos
atiçou a imaginação. Cruzou pela praça uma moça com um short curtíssimo,
mostrando tudo e mais um pouco, e ficamos observando. A moça rebolava, exibia
os atributos que a natureza lhe dera, e logo atrás seguia um moço de bombachas, feito
um manso cachorrinho. Pensei na hora que a cena servia de mote para um conto...
O moço recém chegara a Bagé, tinha passado a vida
inteira no campo, entre cavalos, bois e moças recatadas, e de repente aquela
exuberância de carnes. Metade da bunda da moça saltava para fora do short e uma
cena dessas ele nunca vira. Sem se dar conta do ridículo, lá ia o jovem macho,
alfinetado “no recôndito da sua alma”, atrás da sua dama.
O que a mulher faria com ele? Tripudiaria? Cobraria
caro pelo programa? Ou ela não era profissional e eu estava sendo
preconceituoso? Sei lá. A Tânia lembrou o episódio e resolvo dar um
desfecho para a trama.
A moça era uma profissional, sim, mas não tripudiou do
rapaz. Deixou que ele fizesse a abordagem e estabeleceu um preço para o
programa bem acessível ao seu bolso. Deu muito prazer ao rapaz, coisa que ele
não imaginava existir, e o moço agora quer casar. Já prometeu mundos e fundos,
e a moça ri e pergunta:
– Tu não sabes quem eu sou?
O rapaz não sabe. Largou a estância onde trabalhava,
deixou o campo, largou tudo, e hoje sobrevive na cidade graças a pequenos
biscates. Aguarda, ansiosamente, o dia em que a mulher lhe dará “seu coração”.
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