Quando visitei o Museu Nacional pela
primeira vez, em 2007, a situação não era boa. Fiquei chocado com a precariedade,
mas maravilhado com o seu acervo (mesmo que apresentado de maneira um pouco
confusa). Quando o visitei novamente, no final de julho desse ano, o choque foi
muito maior. Alguns espaços estavam interditados, havia salas fechadas, e já se
notava o reboco de uma parede externa se deteriorando.
Fiquei parado numa sacada,
olhando os jardins e um guarda me pediu para não ficar ali muito tempo. “Não é
seguro”, ele disse, e percebi certo constrangimento quando ele explicou que “o
prédio é antigo, não está bem conservado e é necessário tomar cuidado”. Mesmo assim,
mesmo com essa precariedade, a visita foi excelente, e revi algumas peças com
muita satisfação e conheci outras que não dei atenção na primeira vez.
Privilegiei as salas com material
histórico e antropológico – como a maioria dos visitantes, sou magnetizado pela
Sala Egípcia –, mas também apreciei o acervo paleontológico e, especialmente,
os seus pequenos visitantes, a meninada. Uma gurizada que dava gritos de
alegria e espanto vendo a reconstituição de um dinossauro – o Maxakalisaurus topai,
de 13 metros de comprimento – e outros animais pré-históricos, como a
fantástica preguiça-gigante.
Sala de Paleontologia - reconstituição de uma preguiça-gigante. |
Uma gurizada que deve estar agora
com os olhos cheios de lágrimas, pensando que nunca mais visitarão aquele Museu e viverão o mesmo espetáculo daquela tarde: o da reconstituição de
animais pré-históricos e o contato direto com vestígios de outras civilizações,
como a egípcia, a romana e de povos pré-colombianos, como os Incas, os Jivaros, os Tikunas. Uma gurizada que talvez esteja experimentando pela primeira vez o
sentimento da perda, da perda irremediável, da perda incompreensível.
Sala de Etnologia Indígena Brasileira - no primeiro plano, máscara Tikuna. |
Ainda não consegui assimilar a
destruição do que aconteceu com o Museu Nacional. Mas seguramente se trata de uma tragédia
anunciada, como declararam à imprensa vários funcionários e pesquisadores do
Museu.
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