sábado, 23 de junho de 2012


Bonequinha de luxo

Revi Bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961). Estava viajando, o DVD foi colocado no aparelho de vídeo do ônibus e não desgrudei o olho da tela. Uma comédia glamorosa, muito bem feita, mas não ri de nenhuma das suas piadas. O que será que me atrai nesse filme?
A interpretação que Audrey Hepburn faz da personagem central – uma maluquinha procurando casamento na Nova Iorque dos anos 50 – é excelente e isso ajuda a manter a atenção. Na pele da atriz de físico adolescente, olhar meigo e maroto, a personagem ganha ares delicados e sofisticados que encantam. Em nenhum momento lembram a caipira e garota de programas que é – características que ficam claras na novela de Truman Capote, na qual se baseia.
Muito antes de assistir ao filme, ouvi minha mãe e minhas tias comentarem a respeito. Até hoje, “todas as mulheres que conheço” gostam do filme. Por que será?
Se o leitor não lembra a trama, aqui vai: Holly, a bonequinha do título, mora sozinha e sai todas as noites. Volta ao amanhecer e, quando está triste, pede para o táxi parar na frente da Tiffany e fica namorando as jóias da vitrine. Para ela, a Tiffany é o paraíso – ali, nada de ruim pode acontecer. Holly se queixa dos homens que pagam cinqüenta dólares para ficarem com ela e sempre tem algum por perto. Mas o que ela quer, na verdade, é um ricaço para casar. Vive tudo isso de forma graciosa e cai nas graças de um escritor. O rapaz sabe que ela foi uma menina de rua, até que um homem a recolheu e se casou com ela. Isto quando Holly tinha 14 anos. Depois ela fugiu do marido e veio para Nova Iorque tentar a sorte.
Na última cena, Holly e o escritor brigam, fazem as pazes e se beijam debaixo da chuva. Final romântico com boa trilha sonora. Aparentemente, ela aceita o pedido de casamento do escritor. Será por isso que as mulheres gostam tanto do filme? O final romântico, a glamorização do sofrimento da personagem?
Sei lá. Um belo filme, de qualquer maneira. Lembrei a minha mãe comentando que as mulheres são muito frágeis nesse mundo de homens. “Tão frágeis que precisam de muita sabedoria para não ser esmagadas”, ela acrescenta. E fiquei com a impressão de que o filme aborda essa sabedoria... Deve ser por isso que não ri das piadas.

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