Não estava muito otimista em
relação à greve geral proposta para o dia de ontem. Mas, ao longo da semana,
tive a impressão de que a coisa poderia dar certo. Para quem, como eu, apostou
na política desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma, as atuais reformas em
curso, encabeçadas pelo Governo Temer, são uma calamidade – a começar
pela desconstrução da Constituição de 88, com a chamada “PEC da Morte”, de
congelamento dos gastos públicos em educação e saúde. A desmontagem da
Petrobrás (em especial a sua retirada do Pré-sal) mais as reformas trabalhista
e da Previdência configuram um quadro de horror. É a vitória completa do
Capital sobre os interesses do Trabalho e também da Nação (ou de uma espécie de
nação, aquela que leva em consideração "a saúde do seu tecido social”).
Pois foi com esse sentimento – de
pouco otimismo, mas de certeza quanto à necessidade de uma reação popular
contra essa reconfiguração da sociedade brasileira que as reformas neoliberais indicam – que fui caminhar pela cidade desde o início da manhã. Fui para
minha sessão de Pilates e, antes disso, passei pelo centro. Eram oito horas da
manhã e lá estavam, na boca do Calçadão, vários manifestantes – provavelmente sindicalistas – já com aparelho de som ligado (música do Zé Ramalho) e as devidas
cuias de chimarrão.
No final da manhã, voltei ao
centro da cidade e vi e fotografei os militantes do movimento fechando o Buraco
do Behr e a Rua Venâncio Aires - esta última logo depois liberada ao trânsito - e tive uma conversa curiosa com uma repórter do SBT. Ela falou,
rindo, que “estão dizendo que a Globo mente”, e logo acrescentou:
– Mas felizmente é só a Globo,
não é mesmo?
Achei graça do comentário – deve
ser duro trabalhar nas grandes empresas de comunicação, haja visto o
engajamento delas nas atuais reformas – e olhei a moça com simpatia.
Voltei ao final da tarde para acompanhar a passeata pelas ruas do centro e me surpreendi com a quantidade de pessoas. Seguramente a maior manifestação de rua de que participei em Santa Maria. Gente a perder de vista. Impressionante. Fiquei contente em viver e registrar (com a câmara fotográfica) esses momentos de "luta popular". Em Santa Maria e no Brasil inteiro (pelo que acompanhei no Facebook), as manifestações tiveram grande presença de público. Talvez se possa dizer que o campo popular reagiu. Talvez se possa dizer que é o início de alguma coisa. Seja o que for, com certeza as forças políticas que apoiaram o Fora Dilma e dão sustentação ao Governo Temer e suas reformas neoliberais vão ter de levar em conta essa "resposta das ruas" - por mais que tenham, ao longo do dia, minimizado a greve geral de 28 de abril.
Passeata do dia 28 de abril em Santa Maria. |
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