quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A ermida do Padre Pio

Padre Pio é um santo novo da Igreja Católica. Viveu na Itália entre 1887 e 1968, foi beatificado em 99 e santificado em 2002. Em 2004, no alto de um cerro do município de Faxinal do Soturno, construíram uma ermida em sua homenagem. Há dois domingos atrás houve festa no local e lá fomos nós, um amigo fotógrafo e eu, participar da romaria.
Não subimos o cerro a pé – como manda a boa regra dos peregrinos. Fomos de carro – que é o modo como a maioria dos romeiros sobe até a ermida. Uns poucos encaram a caminhada (com cajados distribuídos pela associação mantenedora da ermida) e foram estes que meu amigo registrou com a sua câmara.
Belas fotos ele tirou! Ficamos sentados na beira da estrada e pedimos permissão aos romeiros. Nenhum deles disse não. Tentamos convencer uma menina que vinha com o pai, mas não houve jeito. Foi a única romeira que não quis ser registrada. Uma lástima! Homens e mulheres subiam compenetrados e sorriam para nós. Mesmo aquelas senhoras que estavam exaustas com o esforço desprendido. Senhoras que depois, lá no alto, quase se arrependiam da longa caminhada. Mas a graça obtida pelo Santo, me disse uma delas, valia bem o sacrifício.
Por sinal, foi isto mesmo que nos falou um dos organizadores do evento. Disse que o pessoal que vem até a ermida é muito grato pelas graças recebidas. Expressam isso nas cartas que deixam na capela e também nas doações em dinheiro. O vice-presidente nos falou muito orgulhoso, indicando a capela belissimamente construída, decorada e limpa, apontando o caminhão com lona e aparelho de som que servia para a missa campal, e mostrando os mil e duzentos quilos de carne que estavam sendo assados.
Tenho a impressão que se trata de uma festa religiosa diferente das que tenho acompanhado. Diferente da romaria da Medianeira, que ocorre nas ruas de Santa Maria; da festa de Santo Antão, no bairro do Campestre (igualmente em Santa Maria); e da romaria de N.S. de Lourdes, em torno de uma gruta no Vale Vêneto. Procuro uma distinção entre elas – quem sabe a composição social dos romeiros (predominantemente de classe média), quem sabe a ausência de uma procissão com todos os romeiros juntos – e acabo achando que é o cenário bucólico.
Um bando de andorinhas voa e canta ao redor da ermida e fico convencido de que alguma coisa impregna o lugar. Alguma coisa estranhamente fugidia como aquela menina que subia o cerro e não quis ser fotografada. Ela queria apenas caminhar de mãos dadas com o pai, alheia a tudo mais.

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