quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Caminhada na Estrada do Perau

           Dias atrás (6 de fevereiro) desci com meu grupo de caminhada a Estrada do Perau, mas meu joelho direito não gostou. A Estrada tem pouco mais de cinco quilômetros, é bastante íngreme – liga a região do Planalto Central (Pinhal, atual Itaara) à Depressão Central (Santa Maria) – e exige boa musculatura nas pernas. Não foi o meu caso (faltou muque) e terminei a jornada mancando.

Fui ao reumatologista, ele não constatou nenhum problema (o início de uma artrose, talvez, coisa da idade ou do reumatismo não sei) e me mandou ao fisioterapeuta.

– Pra fortalecer a musculatura e voltar às caminhadas – ele disse.

Foi mais ou menos o que a fisioterapeuta avaliou e hoje volto para a terceira sessão. Não quero deixar essa atividade física tão prazerosa: pernear pelas ruas, estradas, desertos e praias.

A Estrada do Perau foi aberta durante o período farroupilha pelo governo republicano (por volta de 1840) e era chamada Picada do Pinhal. Tinha a largura suficiente para uma carreta e, segundo consta (informações orais, mais leitura do Diário de Santa Maria), os farroupilhas pensaram a estrada como uma via alternativa ao tradicional caminho de São Martinho da Serra (aberto no século XVIII, no tempo das Missões Jesuíticas e dos embates entre os impérios de Portugal e Espanha na região).

Durante o período farroupilha, tornou-se uma alternativa para enviar tropas da região da Campanha (onde se localizaram as capitais da República Sul-Riograndense) para Cruz Alta (no Planalto). Tempo de guerra, de lutas entre gaúchos republicanos e as forças do Império do Brasil, até hoje relembrado pelos centros tradicionalistas – como bem comprovaram, naquele dia de caminhada, o grupo de gaúchos que cavalgavam na estrada e cruzaram por nós.

Grupo tradicionalista subindo a Estrada do Perau.

Em 1942, a estrada foi pavimentada por paralelepípedos, na década de 1980 abrigou um “motel ao ar livre” (estacionamento pago para o pessoal ir de carro namorar e transar) e se tornou um “território mágico” para os santa-marienses. A estrada é pitoresca, apresenta desafios para motoristas que gostam de testar suas habilidades, preserva traços da Mata Atlântica, tem vistas bonitas de Santa Maria e da Garganta do Diabo (hoje com outro nome, que eu me nego utilizar) e recentemente foi revitalizada. A estrada foi limpa, os mirantes passaram por reformas (com pintura de murais muito criativos) e aumentou a sua frequência.

A Garganta do Diabo, vista do terceiro mirante
da Estrada do Perau.

Meu grupo de caminhada se inseriu nessa revitalização da estrada e, no domingo retrasado, desceu bravamente o caminho. Minhas colegas se saíram muito bem, mas eu fraquejei. Acredito, porém, que a fisioterapia vai me restabelecer e logo as caminhadas nos espaços íngremes não serão mais problema.

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