O rei Silco viveu no século V d.C. Era um soberano do
Reino da Nobádia, na região da Núbia.
Tomei conhecimento desse rei numa visita ao Templo de
Kalabsha, a 50 quilômetros ao sul de Assuã, no Egito. Estava fazendo um
cruzeiro pelo Lago Nasser e a visita a esse templo era parte do roteiro. O navio
parou no meio do lago, lanchas nos pegaram e nos conduziram até o local.
O santuário originalmente não estava ali. Com a
construção da represa e a formação do Lago Nasser, nos anos 1960, o prédio seria
coberto pelas águas e então foi transplantado pedra por pedra e reconstruído no
local onde hoje se encontra. Coisas da engenharia do século XX, sob coordenação
da UNESCO.
Um templo egípcio dedicado a um deus solar núbio,
construído no início da dominação romana, no padrão tradicional dos templos
egípcios (padrão estabelecido no Novo Império). O pilote (pórtico), o pátio, a
sala hipostila (salão com colunas) e o santuário ao fundo.
Pátio interno do Templo de Kalabsha e porta de entrada da sala hipostila. |
Numa das paredes, o guia mostrou-nos o desenho do rei
Silco grafitado na pedra e fotografei. Uma espécie de pichação dos tempos
antigos. Desenho escavado na parede. O soberano montado num cavalo, vestido ao
estilo romano, abatendo um inimigo com a lança, e uma divindade coroando-o.
Grafite do rei Silco. |
Na hora apenas registrei que se tratava de um soberano da Núbia durante a Antiguidade Tardia. Depois, em casa, bisbilhotando no Google, juntei mais informações: o rei se chamava Silco, soberano da Nobádia, e a divindade voando sobre ele era Nice, deusa grega da vitória, festejando-o com uma coroa de louro.
Silco enfrentou os blêmios, expulsou-os para o deserto oriental e expandiu o território da Nobádia. A deusa Nice veio saudá-lo, glorificando sua vitória sobre os inimigos do reino e alguém tratou de eternizá-lo na parede de um templo.
Silco enfrentou os blêmios, expulsou-os para o deserto oriental e expandiu o território da Nobádia. A deusa Nice veio saudá-lo, glorificando sua vitória sobre os inimigos do reino e alguém tratou de eternizá-lo na parede de um templo.
– O artesão que gravou sua imagem fez isso a mando do rei? – fiquei pensando...
Não encontrei resposta, mas o assunto
serviu para me ocupar num desses dias de isolamento social. O covid-19 lá fora
e eu às voltas com o rei Silco, soberano da Nobádia, que enfrentou os blêmios nas
margens do Nilo, há mais de mil e quinhentos anos atrás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário