quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Na Basílica da Santa Casa de Loreto


Sonhei que estava de volta a Basílica da Santa Casa de Loreto e caminhava pelo seu interior.

Essa basílica fica na Itália e a “Santa Casa” a que se refere é uma casa palestina, trazida no século XIII pelos Cruzados e depois instalada no alto de uma montanha, em Loreto. Uma casa que os cristãos medievais acreditavam ser aquela em que a Virgem Maria viveu e recebeu o anjo Gabriel.

Tornou-se um santuário mariano e em torno da pequena moradia (de uma peça só) foram colados grandes blocos de mármore (com duas portas de acesso ao interior da casa), ricamente trabalhados por escultores do Renascimento. Em torno disso tudo, construiu-se uma enorme basílica, com ricas pinturas no teto, mais diversas obras de arte por todos os cantos. Não há espaço que não seja decorado.

Visitei a basílica em fevereiro de 2017 e até então nada sabia a respeito. Segunda a lenda, foram os anjos que trouxeram a casa da Palestina. Uma lenda bonita, que contribui para a emoção da visita: a casa da Mãe se instala no alto de uma colina italiana, vindo de muito longe, da Palestina, trazida pelas mãos dos anjos.

Como é proibido tirar fotos dentro da igreja, coloco abaixo uma foto do exterior para dar a uma ideia da dimensão grandiosa do templo. E logo abaixo outras fotos, do chafariz em frente da igreja, com destaque para as figuras fantásticas e monstruosas – que, de certa forma, fazem um contraponto ao sublime que a igreja encerra. 







Mas o importante é dizer que sonhei com a basílica. Que caminhava pelo interior da igreja, dava a volta em torno da Santa Casa e uma voz me inquiria a respeito do que eu fazia ali. “Voltando ao princípio dos tempos”, eu respondia. Mas depois, acordado, com o pensamento sereno, reconheci que apenas voltava ao princípio de mim mesmo. Voltava ao território da Mãe – não a Mãe Celestial do panteão católico, mas aquela mãe que me proporcionou nascer e me criou. Me questionava a respeito do lugar que essa mulher, minha mãe, ocupa dentro de mim.

No sonho, eu caminhava em torno da Casa da Mãe e pensava sem aflição, feito um arqueólogo escavando a si próprio. Um arqueólogo em busca da sua Tróia, o local mítico da própria fundação. Lugar de conflitos, embates sangrentos - território do Pai e da Mãe -, e que um dia adquire uma estranha paz, a almejada paz das paisagens bucólicas. A paz desejada e nunca, completamente, compreendida e aceita.

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