sexta-feira, 8 de julho de 2022

Via Marguta, 51

             Em 1953, estreou uma das comédias românticas norte-americanas mais famosas: A princesa e o plebeu (Roman Hollyday), com roteiro de Dalton Trumbo e direção de William Wyler. Uma princesa (interpretada por Audrey Hepburn) realiza uma visita oficial a Roma, resolve passear anonimamente pela cidade e conhece um jornalista norte-americano (Gregory Peck). A partir daí os dois realizam um tour pelos pontos turísticos de Roma e se enamoram ternamente.

Além de diversão romântica garantida (para quem curte o gênero, claro), o filme é uma espécie de coleção de cartões postais da cidade: as ruínas do Templo de Saturno, no Fórum Romano (onde ocorre o primeiro encontro entre os personagens), o Coliseu, a Fontana di Trevi, o Pantheon e por aí afora. Até uma rápida cena na Villa Adriana, em Tivoli, nos arredores de Roma (durante um passeio de Lambreta).

Em outubro de 2019, quando eu perambulava pela cidade, parei num desses quiosques que vendem lembranças para turistas (na entrada de uma estação de metrô, em frente ao Coliseu) e encontrei um imã de refrigerador no qual está reproduzido uma das cenas do filme: os dois personagens na Scalinatta (escadaria) della Trinità dei Monti. (Um imã que hoje está na minha geladeira.)

Imã com reprodução de cena de "Vacanze romane", 
tradução italiana para "Roman Hollyday".

Na ocasião tive uma espécie de deslumbramento (voltei a uma sessão de cinema da juventude) e me dei conta de que parte do imaginário que construído a respeito da cidade nasce a partir desse filme. Uma Roma hollywoodiana, em P&B, onde ainda existiam feiras de frutas e legumes na região da Piazza di Spagna (onde o jornalista compra um melão) e não havia fila para aproximar-se da Bocca della Veritá.

Dias atrás liguei a TV e o filme estava passando no Telecine Cult. Assisti novamente, mais atento ao cenário do que a qualquer outra coisa (mas ainda tocado pela beleza de Audrey Hepburn) e me dei conta de mais um detalhe: o endereço do jornalista – Via Marguta, 51. Uma rua da qual andei muito próximo, batendo pernas entre a Piazza di Spagna e a Piazza del Popolo. Poderia ter dobrado uma esquina e visitado a tal Via Marguta... mas segui em frente, pela Via del Babuino, ignorante de mais esse pequeno tesouro (desses que os cinéfilos apreciam) que a Cidade Eterna oferece.

         
           Não sei se um dia voltarei a Roma, mas fica aqui o registro: da próxima vez que sair caminhando da Piazza di Spagna em direção a Piazza del Popolo, vou dobrar a primeira esquina à direita, a Via Alibert, e conhecer o famoso endereço. Certamente não deve ter nada a ver com o cenário bucólico do filme, pois, segundo as informações que encontrei no Google, hoje ali se encontram hotéis de luxo, galerias de arte e restaurantes do mesmo quilate.

Nenhum comentário:

Postar um comentário