O Facebook postou três fotos minhas, tiradas na
República de San Marino, três anos atrás. Fotos de fevereiro de 2017. Tinha esquecido
que visitara esse pequeno país, encravado no meio do território italiano, e fiquei surpreso. Naquela época, estava com uma turma de
brasileiros fazendo um programa de língua e cultura italianas em Campus Magnoli,
na cidade de Castelraimondo, e San Marino fazia parte do nosso roteiro. Eu próprio
fiz a postagem, na época.
Sede do governo da República de San Marino. |
Naquele dia tive aula pela manhã e, à tarde, com o grupo, fui a San Marino. Pouco mais de
uma hora de viagem. Era uma tarde fria e ouvira que o local era muito
bom para comprar produtos eletrônicos, especialmente relógios. E de armas
também, ouvi alguém dizer, rindo, e acentuando: qualquer tipo de armas.
Então chegamos, fizemos um tour pela piccola città – encarapinhada no alto de uma montanha, cercada de
muralhas – e só depois fomos às compras. Escutara que o comércio ficava até
tarde e não me preocupei. Mas não foi o que ocorreu naquele dia. Havia poucos turistas (talvez devido ao frio) e a maioria dos
comerciantes fecharam as portas mais cedo.
Encontrei uma e outra loja de produtos eletrônicos
abertas, olhei os relógios, nenhum me agradou e fiquei espantado com armas. Algumas vitrinas estavam atulhadas de armas de todos os tipos, especialmente pistolas, alguma
metralhadoras – essas, as que me chamaram mais atenção. Pequenas metralhadoras capazes de fazer muito estrago.
Quem compra isso?, perguntei. E, caso compre, como
cruza a fronteira da República de San Marino e anda pela Itália carregando essas armas? Ninguém soube responder.
Voltamos para a escola (os alojamentos ficavam
próximos a escola) e aquele foi um dos assuntos da noite, no meu apartamento,
em torno de uma garrafa de vinho: as armas.
Tinha esquecido tudo isso. Olhei ainda pouco as fotos
que tirei naquele dia em San Marino e nenhuma delas foi de uma vitrine de armas. Que pena!
Cheguei a pensar que era imaginação minha: ora vender metralhadoras em lojinhas
de uma cidade turística!
Mas não é delírio. Apesar de não ter encontrado muita
coisa no Google a respeito – nenhum dos blogs de viagem que consultei aprofunda
o assunto “comércio de armas em San Marino” –, as armas estão lá. Minha memória
não está me enganando.
É isso – mais do que por qualquer outro motivo –, é por
causa da memória que estou escrevendo essas linhas. Estou esquecendo. Estou embaralhando
as coisas. Os exemplos são vários: essa visita a San Marino, uma visita a Igreja do Carmo, na cidade do Porto, um passeio pelo Carnaval de Veneza, e por aí vai.
Por isso escrevo: para registrar. Para não deixar o
tempo roer minhas lembranças e tudo se apagar.
Vista do entorno da montanha onde se localiza San Marino. |
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