Durante a Feira do Livro, escutei um médico falar que
a pandemia acabou já faz alguns meses. Escutei calado, pois não conhecia o
sujeito e ando sem ânimo para criar polêmica. Estava numa roda de conversa,
ele era amigo de um amigo e justificou sua opinião afirmando que o novo
coronavírus estava sendo superdimensionado pelo embate político.
A pandemia terminou, as máscaras não servem para coisa
alguma e “usá-las é como querer pescar lambari com rede para peixe grande”, ele
arrematou.
Eu sou um leigo que assiste aos noticiários de TV (os
da GloboNews e os da TV Cultura, de São Paulo), que aceita o que é noticiado,
e achei melhor não contestar um médico que trabalha em hospital, lida com os
doentes do novo vírus e por aí vai. Quem sou eu? O que eu sei? Mas, se um dia
eu for contaminado e desenvolver sintomas dessa doença, não gostaria de ser
atendido por um médico como ele.
Logo o grupo se dissolveu e voltei para
casa repassando o meu entendimento a respeito da peste. A epidemia não
terminou, apenas arrefeceu e não dá para descuidar. Talvez seja questionável a
eficácia das máscaras, mas é o que existe para driblar a disseminação do vírus
(além da vacina, claro, o instrumento mais eficaz) e não dá para bobear.
Eu costumo não usar máscara quando saio para caminhar
longe do centro da cidade (das calçadas movimentadas), mas sempre a utilizo
quando entro em qualquer estabelecimento ou quando encontro alguém no caminho e
paro para conversar. Não sei se exagero, não sei se estou sendo razoável e são essas
as dúvidas que carrego nos últimos dias.
No sábado passado (dia 16) fui a uma sessão de autógrafos na Feira do Livro e lá estava (como os demais escritores daquela sessão) devidamente mascarado. Uma cena de ficção científica, me pareceu, que deixo aqui registrada por meio da foto que Dartanham Figueiredo tirou de um instante em que Márcio Grings e eu conversávamos. Um cena estranha, bizarra - parecemos dois extraterrestres -, mas uma cena comum nesses tempos de peste. E, por que não dizer?, de insanidade política também.
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